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Último sentimento expressado em prosa...

Sua existência;

  Eu amo tanto a sua existência que transcende a sua matéria e as mil e uma formas – lindas – que ela assume. Eu amo tanto sua existência que não me importo os voos que você alce, eu sigo admirando suas cores e curvas. Eu amo tanto sua existência que eu fico para você ir, se assim for necessário. A vida é muito melhor te contemplando. Eu amo tanto a sua existência que vivo ansiosa para o próximo capítulo de você. Eu amo tanto sua existência que danço no furacão que você causa. Eu amo tanto sua existência que eu mergulho no dilúvio que vem de você. Eu amo tanto sua existência que aprendo todo dia um pouco mais sobre os lugares que habita. Eu amo tanto sua existência que te olho de dentro pra fora e não sei qual é seu ângulo mais bonito. Eu amo sua coragem, que é insana e mal compreendida. Eu admiro suas escolhas, fora dos padrões que enfiamos na sua garganta e você vomitou, um por um. Eu me oriento com sua bússola dos caminhos. Eu me escondo debaixo das suas asas n
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Ponto de Convergência

  Eu reli todos os textos desse blog e percebi pontos convergentes na minha vida. Tirando o fato de repetir incansavelmente a palavra “rompante” em todos eles – me perdoem por isso – eu caminhei até aqui presa a uma montanha-russa sem controle. Felicidades extremas, tristezas fatais. Eu morri e renasci como a fênix mais antiga da mitologia. Eu me rasgo por completo, me desfaço, me estilhaço... Eu não tenho a mínima compaixão da minha alma. Eu sou a suicida que se mantém viva para gozar do sofrimento da própria morte. Eu me jogo em frente aos trens que nem passariam na minha linha. Eu atravesso para tropeçar do outro lado. Eu calculo os danos e assumo todos. Eu não deveria estar aqui te contando essa história. Eu sou fatidicamente um acidente que não deu certo.   E vou permanecendo viva, esbarrando hora ou outra em felicidades abundantes. E mais uma vez eu não tenho o menor cuidado com a minha alma. Eu me entrego, me envolvo, amo, cuido, me doo, me reinvento

Transição

Transição : passagem de um lugar, condição ou o estado de uma coisa para a outra. E quando tudo está transitando ao mesmo tempo dentro e fora da gente?  Confesso que estou assim. Em uma transição completa. Estou em curso naquela parte do estado/tempo que tudo brilha, gira e da vertigem. Particularmente gosto mais da viagem do que do destino, sabia? Observar a paisagem, a vegetação, as cores e formas das  nuvens. Assim sou eu nesse momento... Confesso que adoraria estar em solo seguro e saber ao menos o destino da viagem. São trinta e dois anos e um corpo grande e cansado. Mas meu espírito ainda é jovem, tem sede, fome, quer voar; então eu me arremesso no túnel da uma nova transição! Sinto que com o passar dos anos as costas doem e a voz embarga, pois adentro essas novas viagens com mais amores, novas dores, tantas experiências, incontáveis histórias e diversos sabores. O caminho se tornou mais estreito e cansativo, mas a capacidade de observação e apreciação são tão potentes que valem

Prólogo

  Eu abri um arquivo em branco. Decidi que quero escrever um livro sem ter medo de compartilhar com o mundo. Sim, eu tenho um livro escrito que não deixo ninguém ler; por apego, insegurança, enfim... Todo começo de ano eu abro meu arquivo imaginário em branco e coloco minhas metas, que raramente alcanço: emagrecer, fazer inglês, academia, entre tantas outras, está sempre lá, no cantinho do meu rodapé o tão sonhado “escrever um livro”. E cá estou eu, escrevendo tudo isso aqui, no arquivo que abri para começar meu livro. Seria cômico se não fosse trágico. Eu tenho uma infeliz mania de procrastinar. Acho que é auto boicote. Medo de não ser reconhecida boa, em algo que me considero ótima. Entende? Desculpa, eu estou confusa. Sei que você acha um charme minha confusão, mas ela não é. É caótica e irritante. Eu queria escrever sobre amor, pois se tem arte que eu domino, é essa: de amar. Em todas as semânticas. Mas automaticamente eu escreveria sobre a dor, pois ela é o fruto que mai

Corpo Mofado

Eu só queria sua sede Sede do meu corpo Sede do meu gosto Sede do meu mel Eu só queria que você me notasse Que você me procurasse Que minha renda te excitasse E minha libido te provocasse Eu queria você atravessando a cidade Quarta-feira chuvosa Pera se jogar entre minhas pernas Se lambuzar do meu amor Eu queria te deixar louco quando uso sua blusa Ou quando atravesso o quarto toda nua Mas seus olhos não estão mais em minha direção. Eu queria você hipnotizado enquanto me visto Não vidrado no celular. Eu queria seu quadril me encoxando quando me deito Não virado para outro lado, como se eu não estivesse mais lá. Eu queria sua fome Da minha carne Da minha alma Das minhas ideias Mas hoje me sinto só um corpo mofado Gordo, morto e estragado Andando para todos os lados, Deitado ao seu lado Sem o mínimo valor ou agrado, Que no máximo da cama, esquenta um lado. Vital,V.

Esvaziando

Você já se sentiu esvaziando? Sinto como se cada gota do energia do meu corpo se esvaísse. Eu estou apática, sentada diante da vida passando. Hora apressada, hora paralisada.  Mas ainda assim passando. E eu, cá sentada. Os planos já não fazem mais sentido. Os sonhos estão acinzentados. O tesão esfriou.  O frio na barriga esquentou. O medo afrouxou. E da coragem, pouco sobrou. Tenho vontade de permanecer em silêncio. Olhos cerrados. Contemplando os dispostos.  É bonito assistir. É cansativo imaginar... Ora, logo eu que sempre fui cheia de tudo. Agora me pego cheia de nadas. Não me encaixo em canto algum. Não compreendo o que me dizem. Não sei me expressar. Nem sei porque estou escrevendo. Você não vai ler e se ler, não vai entender. E tá tudo bem. O problema está em mim e não em você. Eu vou seguir aqui, esvaziando, enquanto meu café continua esfriando. Vital,V.

Um dia...

Um dia eu rasgo tudo o que sei. Um dia vomito tudo que engoli. Um dia exponho tudo que escondi. Um dia encaro o que me matou e ainda tive de seguir. Um dia eu jogo na cara e no ventilador, para os quatro cantos do meu mundo o que me sufocou. Um dia eu canso de ser tão polida, diplomática e gentil. Um dia eu perco a cabeça e mando para puta que o pariu. Um dia eu desço do salto, revelo as mentiras, eu grito bem alto. Um dia eu provo que eu nunca menti, que não fui eu que feri, que culpa dos outros eu assumi. Um dia eu sustento a tal solidão. Rompo as correntes, me encaro de frente e fujo da prisão. Um dia eu perco toda a ilusão a qual me calcei e firmei o meu chão. Um dia eu me encontro na imensidão, desse campo minado do meu coração. Um dia eu estou aqui a sua disposição, no outro acordo e parto então... Um dia eu vou e não volto mais não. E desse dia em diante, meu bem, nem tambor ou oração. Me trazem de volta para sua encenação. Viva cercado da sua omissão, refaça o roteiro, comece

Nem sobre você eu escrevi

Quando eu percebi, nem sobre você eu escrevi. Quando dei por mim, você nem estava mais aqui. Desculpa, eu sei que você queria e muito ser capítulo dessa história. Como nunca antes alguém quis.  Eu gostei disso... Gostei mais disso do que de todo o resto para ser sincera. Alias, eu sempre fui sincera, de uma maneira que você não suportava. E de tanta verdade dita, preferiu duvidar de todas elas para conseguir assimilar. Não te culpo. Não te julgo. Não te entendo também. Não é nada pessoal, não é com você e nem com seus moldes pré formatados de pessoa perfeita. É comigo e a com a imensidão que desagua dentro de mim. Ela te assustou na primeira gota. Você se perdeu na primeira curva. Você se afogou sem nem colocar os pés. Você me fez vilã na minha própria tragédia. Não teria dado certo, eu acho... Ou teria dado muito certo, tão certo, que só algo de errado poderia explicar. Você não vai ler isso aqui e eu nem sei se vou publicar. Que irônico. É tão a gente, não? Hoje ouvi sua playlist...

Foi quando...

Foi em meio a uma crise de choro sem ninguém por perto, após enxugar o rio de lágrimas que desaguavam sob meu rosto, que eu entendi o meu papel na minha vida. Foi quando tive de me acalmar em meio a uma crise de ansiedade, que eu entendi a minha importância na minha vida. Foi quando tive medo do barulho estranho vindo do outro cómodo e mesmo assim me levantei no escuro para ver o que era, que eu entendi minha coragem na minha vida. Foi quando quebraram meu coração em mil pedaços e viraram as costas, que entendi que as pessoas não se importam de fato. Foi recolhendo cada caco, me cortando, me doendo, espalhando e sangrando, que entendi que só sobra a gente mesmo. Foi levantando, me reerguendo, tropeçando, aprendendo, cambaleando, que entendi que sou dona dos meus próprios passos. Foi quando minha coluna travou e eu não tinha quem pegasse um remédio para mim, que eu entendi que era unicamente responsável pelo meu todo. Foi quando as pessoas partiram levando consigo partes de mim, que ent

Não tem como isso estar certo.

Faz doze graus essa madrugada. O homem tá dormindo na calçada. Não tem teto, não tem nome, não tem nada. O marido cobrindo a esposa na porrada. Os filhos choram quietos, com a porta bem trancada. Manifestando anti-aborto apressada,  A caminho do congresso  Pulando na rua criança abandonada. O vírus mata mais do que chacina. O governo é anti-ciência e anti-vacina Não se compra mais o pão, que  dirá a gasolina? Entregamos nossa pátria na mão do genocida. Faria Lima sempre linda, arborizada Tem ciclista, Starbucks e desfile de  bolsa cara. Do outro lado lá da ponte, eu avisto a quebrada. Lá tem fome, tem enquadro, amontado e pelada. Onde tudo é muito incerto,  Quem tá longe é quem tá perto. Onde o descanso é cansativo. E dormimos de olho aberto. Monstros dormem em palácios e anjos a céu aberto. Não tem como meu amigo,  você me dizer que isso deu certo. Vital,V.

Retomada

  Há um ditado que diz, Se a minha memória não falha, Que quando algo é para ser Ajuda até quem atrapalha.   Curiosa nossa história Na gangorra dos limites Dando a mão à palmatória, De caos meros supérstites Entre flores e vitórias.   Você foi sem querer ir. Eu fiquei sem digerir. Foi ai que entendemos A importância do partir Pois as vezes é só ele, que nos permite reflorir.   Você voltou pro velho ninho. Onde seu reino reside. Ele tem nome e lugar É seu porto e seu égide, Lhes apresento: o meu carinho.   Laços desatados. Agora estão mais enfeitados. Sabores esquecidos. Novamente apreciados.   Nossos corpos se conectam Com chamar no liar. Minha energia reverbera A cada refastelar Que sua língua úmida e quente Descobre no meu corpo Mais um trecho do te amar.   Os deuses escrevem cartas E cândidos presunçosos que somos Tentamos decifrá-las Eles riem de nossa tolice E nos sussurram aos ouvidos: Despreocupe

Em 2020 o mundo acabou.

Talvez você não se lembre muito bem e tá tudo certo com isso. Eu que tenho uma memória desagradavelmente impecável.   O ano era 2020.  Eu tinha um novo emprego, um amor bonito, quilos a menos e estava animada para meu aniversário de 30.  Os jornais anunciavam o tal do vírus chinês e eu honestamente rolava as notícias fazendo minha habitual leitura dinâmica. Era só mais uma questão, dentre tantas questões, não é mesmo?  Lembro de um antigo chefe sentar comigo e dizer: Estamos entrando num cenário pandêmico e nem você e nem ninguém faz idéia do que se trata. Mas cancele todas as reuniões e eventos presenciais. O mundo vai mudar. E foi assim, em menos de mês, que o mundo colapsou.   Virou de cabeça para baixo.  Sorrir já não era mais um gesto gentil, agora era um ato de violência. Abraços não eram terapêuticos, agora eram perigosos. Estar com os amigos já não era certo. Era falta de senso humanitário. Nossa família se tornou nossa maior fonte de contaminação. O esporte agora era fonte de